sábado, 31 de outubro de 2015

A importância da postura do piloto para uma decolagem segura (Parte 2)


Um excelente texto do Samuel Almeida de Souza, Instrutor da NorteAr Voo Livre, que consolida como uma luva a postagem "Importância da postura do piloto para uma decolagem segura".

Para ver a primeira parte da matéria clique aqui.

É ótimo encontrar um texto de qualidade, com desenvolvimento embasado, focado na segurança do voo livre em parapente.

Para a evolução segura do piloto em parapente o fundamento correto é essencial!!!

Obrigado Samuel Almeida.


 Pessoal, hoje gostaria de compartilhar algumas linhas sobre um aspecto que venho observando nas rampas e em visitas a outras escolas de parapente.

Se trata da posição final dentro da corrida de decolagem, que deveria ser sempre com os braços para trás e na horizontal.

No entanto, antes eu gostaria de fazer algumas analogias que servirão de base a compreensão de todos os amigos.
Repare um piloto de aeronave convencional durante a decolagem. Um avião por exemplo.
Perceba que durante a decolagem o piloto usa de toda a sua aceleração na pista, e em determinado momento ele puxa o manche para trás. A ação de puxar o manche para trás tem como objetivo mudar o ângulo da aeronave em relação ao solo, e com isso finalmente faze-la se desprender da pista e entrar em voo.
Isso se dá com qualquer tipo de aeronave que tenha como meio de sustentação um perfil aerodinâmico. Ou seja uma asa!

Partindo deste principio, sendo que também voamos por meio de asas, é necessário que da mesma forma, por meio dos batoques, desempenhemos em nossas decolagens uma mudança de ângulo para que nossa asa tenha uma trajetória diferente em relação a rampa.
Se durante a corrida de decolagem não puxarmos o nosso ´´manche´´, e desta forma continuarmos mantendo nossas mãos altas, nossa asa estará recebendo comando para se manter ainda paralela ao solo. Isso porque com as mãos altas nosso Ângulo Alfa estará muito reduzido, fazendo com que a decolagem leve mais tempo para acontecer, pois a asa estará ainda voando paralela ao solo. Sendo que na verdade o que desejamos é uma mudança de trajetória em relação a rampa, ou seja, desejamos nos desprender do terreno e efetivamente entrar em voo.

Além desta óbvia consequência que desejamos, que é realmente entrar em voo no momento de nossa maior velocidade de corrida, também existe a questão primeira da segurança!
Quando corremos para decolar com as mãos altas, mantendo assim o Ângulo Alfa muito reduzido, ou seja , com as células orientadas para baixo, com o desenho do perfil próximo ao limite do Angulo de Incidência, temos um aumento absurdo da chance de colapsos nos primeiros segundos do voo. E oque é pior, ainda colado no relevo e com muita velocidade!

Este quadro é diferente do outro erro de pilotagem onde o piloto aplica braços para trás, porem com as mãos orientadas muito para baixo, e não na horizontal, fazendo assim com que a vela normalmente nem entre em voo podendo simplesmente cair desinflada atrás do piloto normalmente sem maiores consequências. Isso é claro quando não se consegue decolar, porque decolar todo estolado , devido a mão baixa, é outro tipo de pane grave. É outra historia mas tão perigosa quanto de mãos altas!

Porem, se tratando especificamente do caso de uma decolagem com as mãos muito elevadas, a chance de colapsos são gigantes. E sofrer colapsos por avanço de vela na saída da rampa é uma das configurações mais perigosas do universo do parapente!!!

Por isso é tão importante que os alunos sejam doutrinados no aspecto de manter os braços para trás, NA HORIZONTAL, durante a corrida de decolagem.

Os benefícios desta postura são enormes, e podemos em primeiro lugar dizer isso em função do aumento da segurança. Além de claro do melhor rendimento aerodinâmico da decolagem a tornando mais eficiente.

As vantagens da corrida com os braços para trás.

1º Com os braços para trás na horizontal o piloto estará elevando o seu Ângulo Alfa deixando a sua asa mais resistente a colapsos gerados por pêndulos frontais.

2º Com os braços para trás o piloto estará contendo os avanços que podem acontecer imediatamente após o ataque.
3º Com os braços para trás na horizontal o piloto, mesmo que sofra um colapso , manterá sua rota de voo e não entrará em giro. (Dependendo do grau do fechamento poderá sim se aproximar do stall)

4º Com os braços para trás o piloto se separa da rampa mais rapidamente, entrando em voo com menos consumo de pista, assim lhe dando espaço e tempo caso algo tenha que se abortado imediatamente nos primeiros segundos do voo.

5º Novamente, com os braços para trás o piloto terá mais conforto e rendimento pois poderá assim projetar o seu tórax para frente aumentando muito sua capacidade de gerar velocidade na corrida.

Mas lembrem-se, se durante o ataque da vela esta já passou a frente do piloto com avanço, pode ser que a posição do braços para trás na horizontal não seja o suficiente para conter um eventual colapso! No entanto, como já foi enumerado mais acima, ainda que o colapso tenha acontecido a manutenção da posição ira ajudar deter o giro consequente do fechamento, desta forma só vemos a revalidação das vantagens deste formato.

É fundamental também se lembrar que uma vez que se entrou em voo o formato deve ser mantido até que se tenha um afastamento do relevo da rampa. E uma vez que isso tenha sido alcançado as mãos saem de trás na horizontal e veem lentamente para a altura ombro / cabeça. Se durante a transição o piloto faz isso muito rápido pode existir um momento pendular que poderá ser perigoso.
E ainda mais grave será se o piloto sair da posição de braços para trás, passando as mãos primeiro para baixo, e só depois voltando a altura dos ombros, aí teremos uma chance realmente muito grande de se induzir um colapso por pendulagem excessiva.

Por isso, se você não esta acostumado a decolar de forma correta volte ao morrote para treinar esta configuração. Você só tem a ganhar com isso.
Para referencia:





Então lembre-se. Braços para trás e corra!

Escrito por:
Samuel Almeida / NorteAR Voo Livre
Fonte: http://iniciar-em-parapente.blogspot.com.br/2015/05/a-importancia-da-postura-do-piloto-para.html


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